O carnaval
brasileiro é uma festa marcada pelos excessos, com aumento da promiscuidade, violência
e consumo de bebidas. As máscaras e fantasias escondem e disfarçam este lado
sombrio da alma e a vergonha da própria libertinagem. Trata-se da maior festa
popular do mundo, porém os resultados são sempre amargos. Não é sem razão que
tudo acaba na quarta feira... de cinzas... porque a borra e as cinzas são as consequências
mais visíveis desta festa destinada à carne, como o próprio nome indica.
Cinzas são sinal
de arrependimento no Antigo Testamento. No Brasil, a ideia é diferente. Aponta
mais para a ressaca do excesso de embriaguez e da sensualidade desenfreada. Não
se trata de arrependimento, porque arrependimento implica em ruptura e mudança de
vida. Cinzas apontam para o vazio da alma humana, que precisa retornar às suas
atividades, trazendo agora as marcas da ironia e dos abusos contra si mesmos,
contra a família e contra Deus.
O carnaval brasileiro atrai turistas, agita a mídia, leva multidões atrás
dos trios elétricos, mas não gera resultados permanentes para o coração. A
alegria promovida é sempre superficial e vazia demais e se escoa facilmente
para as dores e tragédias. Os médicos de pronto socorro tem horror aos plantões
desta data popular. A alegria facilmente se transforma em dor, a carnalidade
termina em cinzas.
A indagação bíblica parece mais contemporânea que nunca: “Naquele tempo, que resultado colhestes?
Apenas as coisas das quais agora vos envergonhais”.